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A prova de função pulmonar, como a maioria dos procedimentos médicos pode ser realizado por diferentes técnicas, e com diversos tipos de equipamentos, interferindo no seu resultado. Além deste fator, o exame de espirometria tem uma peculiaridade particular por necessitar da cooperação do paciente.
A prova de função deve ser feita com equipamento que preencha certos critérios de qualidade, já estabelecidos pela "American Toracic Society", em 1991, confirmados pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, e descritos como referência na NR-7.

Em resumo estes critérios referem - se à qualidade (validação) do equipamento em fazer um exame fidedigno e em registrar tais achados de forma comprobatória, além da técnica correta do exame (critérios de aceitabilidade). O equipamento deve ser calibrado duas vezes por dia. O laudo deve ser emitido com representação gráfica, e cada exame, no mínimo deve ser composto por três manobras no mesmo paciente para confirmar que os valores máximos foram obtidos (critérios de reproducibilidade).
Exames devem ser laudados por médico especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.


Critérios de análise do padrão e qualidade do exame

Equipamento deve atender os critérios da "American Toracic Society"

ACURÁCIA: Grau de concordância entre o resultado da medição e o valor verdadeiro.
PRECISÃO: Reproducibilidade. Um aparelho preciso mostra concordância entre os resultados das medidas realizadas nas mesmas condições em curtos períodos de tempo.
LINEARIDADE: Acurácia para níveis altos e baixos de fluxo.
ATS Am Resp Dis 1987;136:1285-1298

Calibragem: No relatório de exame deve constar o registro de calibragem feito no dia do exame, com seringa de 3 litros. Obrigatoriamente diária e se necessário 2 vezes por dia. A calibragem permite o ajuste preciso da conversão elétrica e do processamento do sinal mecânico (volume soprado). Deve variar, no máximo, ± 3%. Não existe aparelho que dispense calibragem diária.

Dados do paciente: Especial atenção para a altura correta, pois esta influencia os valores preditos e é freqüentemente superestimada pelos pacientes.

Equação de preditos: Equações matemáticas que, baseadas na estatura, sexo, idade e peso, calculam os valores que um determinado indivíduo deve soprar. Baseiam-se em estudo populacional através de amostragem. Existem várias equações estrangeiras e uma equação nacional (Pereira-92).

As equações variam consideravelmente (até 20%) devido às características das populações estudadas. Recomenda-se o uso da equação nacional ou aquela que mais se aproxima da população estudada. A equação poderá superestimar ou subestimar valores.
PereiraCAC. J. Pneumol 1992;18:10-22

Apresentação do resultado: Deve apresentar os valores numéricos e as curvas nos gráficos de fluxo-volume. O registro das 3 melhores manobras  permite análise da qualidade e da reproducibilidade das mesmas .

Aceitabilidade das curvas: Início abrupto e sem hesitação, pico de fluxo nítido, volume retro-extrapolado < 5% da CVF, curva suave e contínua e término adequado com formação de platô e duração mínima de 6 segundos. A diferença entre os 3 maiores valores de PFE deve ser < que 0,5l/s ou < que 10% se os valores estão acima de 5l/s .

Artefatos ausentes: Tosse no primeiro segundo, vazamento da peça bucal, manobra de Valsalva ou ruído glótico.

Critérios de reproducibilidade: Em 3 curvas aceitáveis, a diferença dos valores de CVF e VEF1, não deve ser maior que 200 ml.

O relatório final deverá conter:

  • Tipo e marca do equipamento

  • Equação de previstos utilizada

  • Comentários sobre aceitabilidade e reproducibilidade

  • Algoritmo de interpretação adotado

  • Dose de broncodilatador

  • Classificação dos distúrbios e sua gravidade


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